quarta-feira, 26 de agosto de 2009

“NÃO RETIRO MEUSPROJETOS”

Entrevista: Paulo Paim, senador (PT)
Autor das quatro propostas que incomodam o governo, o senador Paulo Paim (PT), considerado um dos maiores defensores dos aposentados no Congresso, rejeita alterar a essência de seus projetos. E avalia os possíveis desdobramentos do impasse.
Zero Hora – Qual deve ser a solução?
Paulo Paim – O caminho é o governo flexibilizar um pouco a sua proposta, se não vai para o voto. Eu não vou me indispor com os movimentos sociais e retirar os meus projetos.
ZH – No que o senhor acha que governo deve ceder?
Paim – Vai ter de aceitar pelo menos a queda do fator previdenciário e o reajuste das aposentadorias que acompanhe o do salário mínimo. Se o governo chegar a um acordo nestes dois pontos, nos outros a gente segue depois o debate.
ZH – Não existe chances de os aposentados aceitarem a oferta do governo?
Paim – Lancei uma enquete no meu site e, pelos resultados, tudo indica que o pessoal (os aposentados), mesmo com o risco de perder, prefere ir para o voto do que ganhar uma esmola.
Paim alerta que governo tem mais a perderQuatro propostas que alteram a Previdência poderão ser votadas na próxima semana Paulo Paim, senador (PT)O senador Paulo Paim (PT) avalia que o governo terá de ceder nas negociações com as associações dos aposentados e as centrais sindicais sob o risco de o Congresso aprovar propostas que elevam o valor dos benefícios e, por consequência, os gastos públicos.
Na quarta-feira, o governo tentou obter a concordância das entidades para a retirada dos projetos (veja quadro), acenando com reajuste acima da inflação das aposentadorias para quem ganha acima de um mínimo em 2010, mas sem índice ainda definido. A possibilidade foi rechaçada pelos aposentados. Um novo encontro ocorrerá terça-feira para buscar uma solução para o impasse.
Quatro propostas já passaram pelo Senado e podem ser votadas na próxima semana pela Câmara. Paim diz que não retira seus projetos (confira entrevista). Também avalia que a votação no plenário não seria desejável pelo governo por se tratar de tema de forte apelo popular em véspera de ano eleitoral. O governo alega que, caso os projetos passem, haverá descontrole dos gastos e elevação do déficit da Previdência.
Presente à negociação em Brasília, o presidente da Federação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas do Estado (Fetapergs), Osvaldo Fauerharmel, diz que as entidades até aceitaram empurrar para 2011 o debate sobre a recuperação das perdas, mas o governo teria recusado por temer que a oposição ressuscite o tema no próximo ano.
– Agora só vamos negociar se o governo apresentar uma proposta condizente com anseios dos aposentados. Caso contrário, vamos para a votação – afirma Fauerharmel.
BRASÍLIA Ana Amélia Lemos BRASÍLIA Ana Amélia Lemos BRASÍLIA Ana Amélia Lemos
Questão de confiança
A próxima reunião das centrais sindicais e das entidades representativas de aposentados e pensionistas do INSS com o governo continuará inconclusa. A condição imposta pelo governo para discutir reajuste maior a quem recebe, na inatividade, mais do que o salário mínimo é rejeitada pelas lideranças que falam pela categoria. O risco de um embate é grande, porque os aposentados estão mobilizados e se recusam a aceitar a retirada de todos os projetos que corrigem injustiças no RGPS, como o fator previdenciário e os reajustes anuais das aposentadorias, todos de autoria do petista Paulo Paim.
Confiança 2
O senador Paulo Paim, que montou uma grande rede de comunicação com aposentados, quer que a categoria se manifeste por e-mail e pelo twitter se deve aceitar a proposta do governo. O objetivo é que dessa consulta participem futuros aposentados.

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